quarta-feira, 18 de junho de 2008

Atores à Deriva estréiam peça "A Mar Aberto"

Publicado no Dia 18/04/2008. http://www.correiodatarde.com.br/editorias/cultura-29211

Fábio Farias

Nos embalos dos sertões veredas, o mais novo coletivo de teatro de Natal: "Atores à Deriva", estréia nesta sexta às 20h30, na Casa da Ribeira, a peça "A Mar Aberto". Escrito e dirigido pelo dramaturgo Henrique Fontes, a montagem é inspirada no clássico "Grande Sertões Veredas" do escritor Guimarães Rosa e foi o ponta pé inicial do coletivo formado por atores do grupo Beira, Brincarte, Facetas e Mutretas e do grupo musical Pau e Lata.Partindo da vontade de integrar os grupos de teatro, o coletivo "Atores à Deriva" foi formado por Henrique Fontes durante a montagem desta peça. Segundo ele, a idéia é a de integração e intercâmbio entre artistas dos grupos de teatro de Natal. O coletivo é formado por cinco atores, tendo Henrique como diretor e o Danúbio Melo, do grupo Pau e Lata, como diretor musical. Uma das vontades do grupo é construir público para teatro e incentivar a atividade em Natal. "Nosso trabalho vai procurar incentivar o teatro e criar público, pretendemos fazer trabalhos com escolas para isso" disse Henrique.A peça conta a história de José Hermílio pescador com mais de 30 anos de experiência em viver da pesca. Em um dos seus dias de trabalho, José conhece Júlio de Joana, garoto de apenas 19 anos que largou a faculdade para se dedicar à pescaria. José se apaixona por Júlio e acredita que a sua paixão inesperada é fruto das "artimanhas do demônio". A narrativa é construída em cima da tormenta e do paradoxo que José Hermílio vive com essa paixão. A relação entre José Hermílio e Júlio de Joana faz referência aos personagens Riobaldo e Diadorim do clássico Grandes Sertões Veredas. Riobaldo é um jagunço que se apaixona pelo companheiro de trabalho Diadorim, ao longo da história Riobaldo entra em crise existencial por causa da sua paixão, até descobrir que, na verdade, Diadorim era uma mulher.

A montagem da peça durou três meses e os instrumentos utilizados foram elaborados pelos atores. O espetáculo será encenado neste final de semana (hoje e amanhã) e no próximo na Casa da Ribeira sempre às 20h30. Escrito em 1956, Grandes Sertões Veredas é considerado uma das maiores referências em literatura brasileira. Pensado inicialmente como parte da novela "Corpo de Baile", a história ganhou força e acabou se tornando um livro. Com o objetivo de construir uma narrativa sobre elementos universais contextualizados numa realidade regional, o livro se destaca pela sua característica poética de narrar o sertão.Na narrativa, o jagunço Riobaldo conta a sua saga a um ouvinte letrado na luta contra o silente Hermógenes. Para vencer a batalha, Riobaldo faz um pacto com o personagem Que-Diga, que pede em troca da vitória o seu grande amor.

DiretorHenrique Fontes é dramaturgo e como diretor teatral já dirigiu as peças "O Tempo da Chuva" com Paulo Viana e "Pobre de Marré" com Titina Medeiros e Quitéria Kelly. Henrique passou oito anos no grupo "Clows de Sheakspere" e, segundo ele, sua formação teatral acontece há 23 anos. Formado em Comunicação Social, Henrique tem mestrado em Ciências Sociais. Apesar da formação, o diretor não atuou como profissional de comunicação e há mais de 20 anos atua na área teatral da cidade.

Um comentário:

Henrique Fontes disse...

muito bonito o blog amigo. Essa matéria do Fábio Farias no entanto tem erros graves lá no último parágrafo. Corta ele que tá tudo beleza. Beijo e vida longa e à deriva.