TEATRO - Universo de Guimarães Rosa permeia obra “A Mar Aberto” do dramaturgo Henrique Fontes
05/02/2009 - Tribuna do Norte Michelle Ferret - Repórter
Um silêncio profundo tocado apenas pelas mãos dos personagens e seus segredos e o mundo de Guimarães Rosa. Assim é a peça “A Mar Aberto” do dramaturgo Henrique Fontes que volta aos palcos da Casa da Ribeira, às 20h nos próximos dias 07 e 08 de fevereiro encenada e criada pelo Coletivo Atores à Deriva. Criada pelos próprios atores do Coletivo, e tendo como guia o texto escrito por Henrique, “A Mar Aberto” conta a história de um velho lobo do mar chamado José Hermílio (Doc Câmara) que em um dos dias de pescaria se sente traído pelo desejo. “Ele acredita que o demônio usa de suas artimanhas para fazê-lo desejar Júlio de Joana, que aos 19 anos abandonou a faculdade com o desejo de ser pescador. O dia dessa primeira pescaria de Júlio e de muita resistência de Seu Hermílio contra um desejo “vestido de maldade e com feições tão bonitas...” caracterizam o conflito central dessa história”, conta o dramaturgo. A dramaturgia original teve como inspiração “Grande Sertão: Veredas”, obra de João Guimarães Rosa que fala do desejo de um jagunço por outro recém chegado ao bando. “Assim como José Hermílio nessa peça, em Grande Sertão: Veredas”, o protagonista, Teobaldo, se vê apaixonado por outro homem”, disse Henrique.A construção da peça foi em conjunto como coletivo de atores que vieram de outros grupos da cidade para abraçar o projeto de Henrique. “A peça trouxe um novo fôlego para cada um de nós que pudemos enxergar o teatro de uma maneira mais intensa e com outras perspectivas”, disse Doc Câmara. Produção coletivaOs novos horizontes apontados por Doc se traduz na maneira como o Coletivo se mantém. Independentes de qualquer meio público, eles colocam a mão na massa e são ao mesmo tempo atores, produtores, divulgadores de seus próprios espetáculos e multiplicadores. Com a força que ganharam nesse primeiro momento - desde que a peça começou a ser montada em janeiro do ano passado - o grupo se lançou na estrada participando de importantes mostras brasileiras como a do Festival de Garanhuns em Pernambuco e a Mostra Cariri do Sesc no Ceará. “A receptividade do nosso trabalho tem sido muito boa. As pessoas ficam impressionadas como um tema delicado como é o do desejo pode ser visto de forma mais abrangente, sem preconceitos ou visões moralistas,” disse Doc. O Coletivo Atores À Deriva é formado por Alex Cordeiro, Doc Câmara, Bruno Coringa, Paulo Lima, Henrique Fontes e João Victor. “Estamos juntos participando de todo o processo criativo e também de discussões imprescindíveis para a cidade como é o Redemoinho que abre debate com os fazedores de teatro tendo como base a circulação, pesquisa e a manutenção dos grupos”, disse Alex que participa também do grupo Facetas de Teatro e hoje é multiplicador do Arte Ação da Casa da Ribeira. “É muito forte para mim que vim do sonho de teatro feito dentro da escola pública e hoje ter a oportunidade de alcançar um futuro nas artes”, disse. A peça além da direção de Henrique Fontes, conta com a direção musical de Danúbio Gomes, a iluminação de Daniel Rocha, o cenário de Thiaqo Vieira, as fotos de Max Pereira e o desenho de Gabriel Souto. A Mar Aberto se apresenta dias 07 e 08 de Fevereiro às 20h na Casa da Ribeira e os ingressos estão na bilheteria das 16h às 22h.
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