quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Peça teatral potiguar volta aos palcos depois de uma turnê pelo Nordeste

03/02/2009
Peça teatral potiguar volta aos palcos depois de uma turnê pelo Nordeste
"... O pescador José Hermílio se encontra em mais um dia que não é santo, em plena pescaria. No entanto um desejo vestido de culpa atinge na hora que a pera senta no fundo do mar. Teria Julio de Joana vindo a mando do demônio, para vestir o amor de maldade que o persegue, e ensinar o caminho do mal?", esse é um trecho da peça teatral "A Mar Aberto", do diretor teatral e dramaturgo Henrique Fontes, que depois de participar de alguns festivais pelo nordeste volta aos palcos potiguares, nos dias 7 e 8 de fevereiro, às 20h, na Casa da Ribeira.Depois de uma temporada de três meses com o espetáculo por algumas capitais nordestinas, onde apresentaram "O Mar Aberto", nos seguintes festivais: Pernambuco Nação Cultural, Garanhuns, do Cariri, no Crato e Juazeiro do Norte.Segundo o autor da peça a inspiração dessa obra foi no balançar do vai e vem das ondas do mar. Henrique Fontes conta que durante suas férias na praia de Galinhos, litoral do Rio Grande do Norte, observou a beleza da simplicidade e a maestria dos pescadores que ali vivem, como que de uma forma inconsciente eles traçavam uma coreografia de extrema beleza e realidade. Sob o ritmo que segue o compasso do dia-a-dia, num baile que utiliza da imensidão do mar como um cenário lírico que produz o verdadeiro espetáculo da vida. A peça foi montada como uma rede de pesca, com o recém formado coletivo artístico Atores à Deriva (que surgiu a partir dessa montagem e pretende estimular a troca entre artistas de diversos grupos), conta a história de um velho lobo do mar, Seu José Hermílio. Homem sábio que há mais de 30 anos tira do mar o sustento e a própria razão de existir. Todos os dias, "que não são santos", ele e seus companheiros de bargaça, tentam a sorte contra a correnteza e possíveis tormentas. Em um desses dias, seu Hermílio se encontrou, em plena pescaria, traído pelo coração. Ele acha que foram as "artimanhas do demo" que trouxeram até ele o sobrinho de Rita, Júlio de Joana, que aos 19 anos abandonou a faculdade para ser pescador. O dia dessa pescaria e de resistência contra esse desejo "vestido de maldade e com feições tão bonitas..." e a luta contra a tormenta interna e externa caracterizam o conflito central dessa história.Em suas férias na Praia de Galinhos o dramaturgo Henrique Fontes, depois de observar a vivacidade litorânea e sob a influencia do livro "Grandes Sertões Veredas" de Guimarães Rosa, surgiu a inspiração para a criação dessa peça de teatro que foi escrita em apenas quatro dias. "Assim como Hermílio nessa peça, em "Grandes Sertões Veredas", o protagonista, Teobaldo, se vê apaixonado por outro homem - "Diadorim" , que ele até o final acredita ser homem e se culpa por isso." disse Fontes."A mar aberto" provoca um turbilhão de questionamentos contemporâneos que as pessoas carregam dentro de si. Aborda o conflito com o próprio desejo, o preconceito, a religião, os costumes, os sentimentos, a sociedade, a família, as tendências, os segredos, a culpa e envolve os pensamentos, numa tentativa de mostrar um caminho para a almejada liberdade. É, certo que são muitos aqueles que vivem numa procura incessante atrás do sentir-se livre, outros chegam a culpar os que convivem com eles, Mas, será que na realidade, a liberdade não estaria dentro de cada um? Afinal, o desejo não escolhe a hora nem o lugar.Repórter: Redação

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