quarta-feira, 25 de junho de 2008

Jornal de Hoje - Natal 25/ 04/ 2008

A Mar Aberto

Escritor potiguar Henrique Fontes discute no teatro questões polêmicas, como o preconceito, a sociedade, a paixão, a religião e o desejo

Sob mistério do mar, envolto as tormentas do desejo e guiado pela correnteza da maré cheia. O diretor teatral e dramaturgo Henrique Fontes escreveu a peça "A Mar Aberto", que está em cartaz na Casa da Ribeira, fica em temporada até o dia 27, às 20h30, na Sala da Cosern. A inspiração para a construção dessa obra foi como o vai e vem das ondas, na simplicidade dos que convivem com a imensidão do mar. O dramaturgo foi passar suas férias na praia de Galinhos, litoral do Rio Grande do Norte, quando perdido em seus pensamento e anseios percebeu a maestria dos pescadores que ali vivem uma coreografia que conduz a luta pela sobrevivência, sob o ritmo do dia-a-dia e produz o espetáculo da vida. Lá, na Praia de Galinhos, numa convivência com os nativos que o autor observou e embalado pelas palavras do livro "Grandes Sertões Veredas" de Guimarães Rosa, que surgiu o desejo de registrar todo aquele turbilhão de idéias e hábitos do homem do mar.A peça foi montada como uma rede de pesca, com o com o recém formado coletivo artístico Atores à Deriva (que surgiu a partir dessa montagem e pretende estimular a troca entre artistas de diversos grupos), conta a a história de um velho lobo do mar, Seu José Hermílio. Homem sábio que há mais de 30 anos tira do mar o sustento e a própria razão de existir. Todos os dias, "que não são santos", ele e seus companheiros de bargaça, tentam a sorte contra a correnteza e possíveis tormentas. Em um desses dias, seu Hermílio se encontrou, em plena pescaria, traído pelo coração. Ele acha que foram as "artimanhas do demo" que trouxeram até ele o sobrinho de Rita, Júlio de Joana, que aos 19 anos abandonou a faculdade para ser pescador. O dia dessa pescaria e de resistência contra esse desejo "vestido de maldade e com feições tão bonitas..." e a luta contra a tormenta interna e externa caracterizam o conflito central dessa história. "Assim como Hermílio nessa peça, em "Grandes Sertões Veredas", o protagonista, Teobaldo, se vê apaixonado por outro homem - "Diadorim" , que ele até o final acredita ser homem e se culpa por isso." Disse Henrique."A mar aberto" provoca um turbilhão de questionamentos contemporâneos que as pessoas carregam dentro de si. Aborda o conflito com o próprio desejo, o preconceito, a religião, os costumes, os sentimentos, a sociedade, a família, as tendências, os segredos, a culpa e envolve os pensamentos, numa tentativa de mostrar um caminho para a almejada liberdade. É, certo que são muitos aqueles que vivem numa procura incessante atrás do sentir-se livre, outros chegam a culpar os que convivem com eles, Mas, será que na realidade, a liberdade não estaria dentro de cada um? Afinal, o desejo não escolhe a hora nem o lugar.O elenco é formado pelos atores: Alex Cordeiro, Bruno Coringa, Doc Câmara, João Victor e Paulo Lima. O texto e a direção são de Henrique Fontes, a preparação e direção musical de Danúbio Gomes, o cenário e figurinos de Thiago Vieira, a iluminação de Daniel Rocha, Arte gráfica de Gabriel Souto, fotos de Max Pereira e Produção de Suellen Cunha e Henrique Fontes.

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